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Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/32

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político em maré de sinceridade e candideza. Deu-lhe para falar com o coração nas mãos. Pressentia — quem sabe? — pressentia, talvez acercar-se-lhe o dia da conta, que a todos nós há de chegar, e fazia como os religiosos de certos mosteiros de outro tempo, que antes de se acostarem à cama, se metiam no espulgatório, para sacudir o fato, e não levarem aos colchões os incômodos insetos.

O honrado brasileiro quis espulgar-se para a eternidade, desinçando a consciência, em ato público, do pulguedo, que o mordera na consciência, o esmordaçava na reputação, e ainda o estaria mordicando nos escrúpulos.

Quis, e fez. Pôs a boca no mundo e confessou, a medo, nas confidências do testamento, o que, durante a vertigem da sua possança, mandara desmentir com indignação e desabrimento. Gastara, sim, gastara com a imprensa, mas não tanto quanto os malevolentes haviam propalado.

Aqui estão as suas próprias palavras. “Qualificando de criminosa a minha conduta”, dizia ele, “e pretendendo dar uma agravante ao crime, os adversários do meu governo fizeram constar que as despesas com a imprensa montaram a uma soma avultadíssima, que calcularam em seis a oito mil contos...”

O meu cálculo, senhores, não subia a tantos milheiros. Mas continuemos a escutar a voz de além-túmulo: “No Banco do Brasil”, prosseguia o depoente, “encontra-se a conta corrente do movimento do