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Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/259

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O herbanario de um impeto poz-se a pé. Fulgurou-lhe nos olhos um relampago de ira terrivel!

Magdalena calou-se, assustada.

— Deitar abaixo estas arvores e esta casa?! Quem?... Quem se atreve? Pois que venham! que venham!

Mas reparando no terror que estava causando a Magdalena, procurou reprimir-se, e com uma voz que elle se esforçava por tornar tranquilla, continuou:

— Mas vejamos. Então querem, dizes tu... Fala, Lena, fala... Dize o que sabes. Quem é?... Para que fim? Pois quem pode lembrar-se de... Fala, bem vês que eu estou socegado, filha.

— Ha um projecto de estrada...

— Ah! — disse Vicente, com um grito de raiva. — Não digas mais. Já sei — continuou com renascente exaltação. — Já sei. Adivinho o resto. É teu pae que o determina; é teu pae que o resolveu?

Magdalena abaixou a cabeça com dolorosa expressão.

O furor do velho exaltou-se outra vez.

— Teu pae! Teu pae, Lena! Então esse homem jurou matar-me?

— Tio Vicente!

— Elle não sabe o que são para mim estas arvores e estas paredes? Elle não sabe que a minha alma está n’ellas, presa a estas raizes? que com ellas se despedaçará? Esse homem sem coração não vê que são estas as minhas affeições, as unicas? a minha unica familia? Elle, o companheiro dos meus primeiros annos! que, como eu, ahi brincou, á sombra d’essas mesmas arvores e sob os olhares de meu pae, que tambem o abençoava, tão duro de coração se fez que, sem respeito por estas memorias todas, assim me quer separar do que me dá vida, do que ainda me prende ao mundo? E é teu pae este homem, Lena?

— Por quem é, tio Vicente; ouça-me. Deixe-me