— É alli, logo ao dobrar d’aquella esquina — respondeu Angelo.
Henrique pensava:
— Seria para provocar uma explicação que ella fez a pergunta? Esta mulher é admiravel! Não lhe sei resistir.
E já lhe não restavam vestigios da impressão causada por Christina.
— Este herbanario — continuou elle em voz alta — deve, pelos seus habitos excentricos e até pelo solitario do sitio em que vive, ter aqui na terra certa famazinha de feiticeiro.
— E tem, — affirmou Magdalena — mas de feiticeiro bem intencionado.
— Devem correr muitas fabulas a respeito d’elle, do seu viver.
— É certo que poucos se atrevem a passar aqui de noite, apesar de todo o bem que elle faz de dia.
— Ah! Então temem-se de passar aqui de noite!... Pobre homem!... O que lhe valerá é algum espirito forte que ainda por ahi haja, na aldeia. Que diz, prima Magdalena? haverá?
Antes que a morgadinha respondesse, Angelo disse:
— Á excepção de Augusto, que ahi vem quasi todas as noites, ninguem mais o visita.
— Ah!... O sr. Augusto vem ahi quasi todas as noites?!
Magdalena luctava para reprimir a impaciencia.
— Lá me parecia que havia de existir algum de coragem. Para tanto não chegava o seu animo não, prima?
— Tanto chega, que já muita vez alli tenho ido só, e a altas horas — respondeu Magdalena com a maior firmeza.
— Sim?! E não tem mêdo?
— De quê? De almas do outro mundo? não tenho crença para tanto. De malfeitores? não os ha aqui. N’esta terra todos me respeitam, nem com