n’aquelles olhares fixos uma melancolía quasi poetica.
N’esta contemplação o surprehendeu a tumultuosa e subita saída do povo pela porta da igreja, e as scenas de motim que se lhe seguiram. A intelligencia pêrra de Zé P’reira não achou logo a explicação do que via. Pouco a pouco porém os varapaus no ar, os gritos, a confusão, principiaram a dar-lhe uma vaga consciencia da desordem popular.
Os instinctos ordeiros e pacificos de Zé P’reira acordaram, e o homem ergueu-se.
Olhou algum tempo para o logar do maior tumulto, e em seguida passou ao tiracollo a alça do tambor.
Olhou outra vez, e com um pontapé acordou o seu satellite, que, estremunhado, tomou automaticamente para si o bombo do acompanhamento.
Olhou outra vez, e viu nos ares a pedra que feriu Magdalena. Então o Zé P’reira não esperou maïs nada, tomou uma resolução, fez um signal ao rapaz, e...
Pom—fez a baqueta d’este, caindo com toda a fôrça sobre a retesada superficie do bombo.
Taplão, taplão, rataplão, rataplão...—responderam as baquetas movidas pelas amestradas mãos do Zé P’reira.
Muitas cabeças de amotinados voltaram-se na direcção do som.
O Zé P’reira proseguiu; adquiria cada vez maïs velocidade o jogo das baquetas; começava a ganhal-o o vapor do enthusiasmo.
Principiou a acudir o povo para junto do artista.
Este tomára-se já do raptus, do phrenesi musical. Já não eram só as mãos, eram os cotovelos, eram os joelhos, era a cabeça que rufavam. De olhos fechados, dentes ferrados nos labios, ventas offegantes, contrahidos quasi tetanicamente os músculos do pescoço, a vergal-o para traz, Zé P’reira