que era só apresentar-se, e emquanto a fazer vontades... Que me dizem do sr. Joãozinho das Perdizes? Será fiel esse? Já me disseram tambem que...
—Ó sr. Pertunhas,—atalhou o herbanario, enfastiado—antes queremos não saber. Importa-nos pouco a politica.
—Estão como eu... Isto tambem não é politica, mas emfim... Pelo que vejo estão cançados? Eu tambem não os maço maïs... E antes que me esqueça, ha muitas horas que estou de posse de uma carta para vossemecê, tío Vicente. É de Lisboa, veio por o correio de hoje. Não lh’a mandei a casa, porque... não sabia o que era feito d’ella. Eh, eh, eh... Mas como o vi passar, conjecturei que viria para aquí, e por isso...
O herbanario recebeu a carta, que o mestre Pertunhas lhe deu, e olhando para o sobrescripto, disse com indifferença:
—É do Manoel.
E abriu-a lentamente.
O mestre de latim deixou-se ficar, na esperança de ouvir novidades.
A meio da leitura o herbanario ergueu-se com impeto e exclamou, cheio de indignação e de colerà:
—Mentiu-me como um vil! Mentiu-me aquelle homem sem dignidade nem sentimentos! Aquelle homem importa-se menos com a felicidade dos amigos, com a justiça das causas e com a voz da propria consciencia, do que com os caprichos e interesses dos poderosos com quem vive!
—Mas que é?—perguntou Augusto, sem atinar com a significação d’aquellas palavras.
—Lê.
E passou a carta para as mãos de Augusto.
O conselheiro participava n’esta carta ao herbanario que se vira obrigado a ceder, na questão do despacho de Augusto, a fortes influencias que se