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Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/87

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A propria Magdalena não se mostrou superior áquella tocante puerilidade.

Approximou-se com viveza da tia, e beijando-a nas faces, disse-lhe affectuosamente:

—­Ora ahi está o que é muito bem pensado.

—­Pois sim, sim, mas o peor é... os criados—­disse D. Victoria.

—­Quem fala n’isso? Na noite de Natal quem maïs trabalha somos nós. Demais, teremos, para dirigir as tarefas, a Maria de Jesus, a criada da tia Dorothéa.

—­Isso é que é a perola das criadas! Oh! aquella prima Dorothéa, aquella sua tia, primo Henrique, é que teve felicidade! Mas dizes tu... Bem se importam os de cá com a Maria.

—­Não tem dúvida. N’aquella noite quanto maïs barulho e desordem, melhor—­aventurou-se a dizer Christina, com impeto revolucionario.

—­Ahi temos outra! Não, filha; isso é que não. Para barulhos é que eu já não estou. Então, não.

—­Está resolvido—­disse a morgadinha, para cortar pelas divagações da tia.—­Aquí o sr. de Souzellas—­accrescentou, com maliciosa inflexão—­fica desde já encarregado de transmittir á tia Dorothéa o nosso plano e, ao mesmo tempo, officialmente convidado.

—­Acceito da melhor vontade.

—­Não sei se o deverá dizer. É preciso que o avise de que n’aquella noite todos teem de trabalhar na cozinha; a ninguem se dispensa, um minuto, pelo menos, de collaboração nos guisados. Por isso veja lá....

—­Ó menina, tens coisas!—­disse D. Victoria.—­Deixe-a falar, primo.

—­Não é deixe-a falar. Eu não dispenso ninguem.

—­E eu prometto não me recusar. Promptifico-me a tornar detestaveis os pratos em que puzer a mão. Que maïs querem?

Foi alegremente acolhida a promessa.