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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/108

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— Quando por mais não fosse, por gratidão. . .

A condessa, já séria, mediu-o de alto a baixo.

— Nunca lhe pedi obséquios! disse

— Mas aceitou-os. ..

— Engana-se!

— Com a senhora despendi o necessário para enriquecer cinco famílias!. . .

— Basta! (E ela desta vez bateu com o pé). Já me tardava que o senhor me lançasse também em rosto esse dinheiro que supõe ter gasto comigo!

E encaminhou-se lentamente até ao tímpano e vibrou-o com força.

— A senhora vai pôr-me fora?... gaguejou o marques, fazendo-se pálido.

— Não, explicou ela, muito tranqüila. Vou ordenar ao criado que não o receba quando o senhor voltar. Não tenho o direito de o mandar sair, mas tenho o de nunca mais o receber!

Um raio não fulminaria tanto o marques como estas palavras. De pálido passou novamente à cor de cereja. Hesitou um instante, limpou o suor da testa e, afinal, foi ter com Alzira, e disse empregando todo o esforço para sorrir:

— A senhora dessa forma obriga-me a não voltar. .. (Ela sacudiu os ombros.) E, para evitar que isso aconteça. . . só vejo um meio. . . é não sair mais daqui . . .

Foram interrompidos pelo criado, que exclamou da porta, fazendo uma continência: