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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/131

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dos anjos rubicundos do vosso trono de nuvens!... Tornai a ter comigo, Maria, cheia de graça!

"Se tínheis de abandonar-me e perder-me num segundo, para que então vos dei toda a minha existência de vinte anos, mais brancos do que a torre de David?. . . Se assim tinha de ser, amada minha, não valia a pena então conservar-me tão puro e tão cândido!. . .

"Maria! Virgem amorosíssima! vida e doçura' esperança nossa! se não quereis vir em meu socorro, matai-me! eu aqui estou a vossos pés, e não me levanta rei dos meus joelhos senão por um ar da vossa divina graça! . . . "

E Ângelo, de olhos fitos na Virgem, esperava um milagre, esperava alguma cousa que lhe restituísse a sua antiga tranqüilidade de espírito.

Nada! A imagem parecia surda ao seu desespero de salvação.

"Oh! por piedade! por piedade, minha mãe querida! envia-me do vosso peito de amor a inspiração do meu resgate!"

Nada! Nada!

Ângelo deixou cair o rosto para a terra; abandonou os braços, com as mãos entre os joelhos, e quedou-se pensativo.

Infeliz! infeliz!

Não era a primeira mãe que o enjeitada! . . .

E as lágrimas de abandonado correram-lhe tristes pelo mármore das faces, e o mísero