Saltar para o conteúdo

Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/168

Wikisource, a biblioteca livre

— Aí está o padre!

Ângelo cumprimentou-os com um respeitoso movimento de cabeça, e parou à entrada.

O conde foi ter com ele e apertou-lhe a mão.

— Já chega tarde, sr. padre Ângelo... não encontra uma agonizante, encontra um cadáver...

— Expirou há duas horas... declarou Bouvier, pondo a mão sobre o rosto da morta. Já principiava a enregelar. . .

O pároco, que lentamente se aproximara do cadáver, ao dar com aquela branca figura de mármore estendida sobre a cama, soltou um grito e começou a tremer, arquejante e lívido.

Bouvier e o conde acercaram-se dele enquanto o Dr. Cobalt, a certa distancia, atentamente o observava com os seus olhos de médico apaixonado pela sua ciência.

— Não é nada... não é nada... tartamudeou Ângelo,, procurando esconder a sua tremenda comoção. O espetáculo da morte produz-me sempre este abalo. Não é nada!. . . Peço-vos que me deixeis um instante só com o cadáver. . . Vou encomendá-lo a Deus.

— Pois não. . . Pois não. . .

Fique à vontade, senhor cura, acrescentou o materialista. Nós passamos à sala de jantar, mesmo porque temos necessidade de comer alguma cousa. Desde pela manhã que aqui estamos