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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/170

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da superfície da terra! Eu te amo, Alzira! Eu te amei sempre!

E uma vertigem se apoderou dele, e o seu sangue enlouqueceu, acendendo-lhe os sentidos, e apagando-lhe naquele instante a luz da razão.

Soltou um grito. Aos seus olhos desvairados, Alzira acabava de erguer-se a meio no leito, e abriu as pálpebras, estendendo-lhe os braços com um fugitivo e triste sorriso nos lábios.

— Meu Deus! meu Deus! exclamou ele, trêmulo e aterrorizado. Que significa isto?... Ainda vives, Alzira?. . . mas como é que vives, se o teu corpo tem a gelidez da morte?. . .

E Ângelo viu distintamente que os lábios dela se moviam, para lhe responder com uma voz quase indistinguível:

— Sim, vivo ainda... um instante apenas, um ligeiro instante; o que baste para encher minha alma com a tua imagem imaculada e santa, antes que eu parta eternamente para as margens desconhecidas que já daqui avisto...

— Meu Deus! soluçou Ângelo: perdoa-me! perdoa-me!

— Descansa, segredou ela, afagando-lhe os cabelos; Deus, que é bom pai, não amaldiçoará o nosso amor. . .Ele quer que as suas criaturas vivam aos pares e se amem como nós nos amamos. . . E eu te amei tanto, meu Ângelo, tanto, que