entre os aldeões, e foi colocar-se defronte do altar, com os braços abertos, e olhos perdidos no vago, imóveis, a desfiarem lágrimas.
Já não eram lágrimas de sacerdote, era o seu ferido coração de homem que sangrava.
Por esse tempo, Jerônimo e Salomé conversavam lá fora, sob o velho parreiral que havia em frente à pobre vivenda do pároco.
Falavam em voz baixa, como se conspirassem
— Ora, segredou o hortelão, muito me conta a tia Salomé a respeito do nosso vigário!... Bem me dizia vossemecê ainda ontem que o homem às vezes parecia apatetado!...
— Não estou nada satisfeita, mestre Jerônimo. Durante o tempo do defunto padre René nunca vi cousa assim! O padre René contava-me tudo, tudo que se passava com ele ao passo que este agora, nem só nada diz, como ainda por cima o médico me proíbe de lhe fazer perguntas!. . . Tem lá jeito!
— Ah! o Dr. Cobalt proibiu de lhe falar, hein?
— É exato! Jurou-me que, se o senhor vigário ouvisse uma só palavra do que se passou de ontem à noite para hoje, ficaria doido varrido...
— E o que foi que se passou, tia Salomé?
— Sei cá o que se passou! E, ainda que o soubesse, não o diria, porque o médico proibiu!