— Onde estamos?. . . quis ele saber.
— Verás. Caminha comigo.
E penetraram numa extensa galeria toda formada de ossos.
Ângelo olhava para os lados, considerando aquelas longas colunas feitas de caveiras e de tíbias, por entre as quais perpassavam fugitivas sombras silenciosas, que o perturbavam.
Às vezes queria parar para ver melhor, mas Alzira arrastava-o pela cintura, segredando-lhe que se não detivesse ali um só instante.
— Vamos! Vamos! dizia ela, impaciente.
É só deteve o passo ao chegar a um enorme salão, singularmente ornado de estátuas em esqueleto e iluminado por milhares de piras bruxuleantes. Uma vasta galeria perdia-se ao fundo, multiplicando as colunas a perder de vista.
Ao centro um grande órgão, em que velho e carcomido esqueleto, todo vergado sobre o teclado, tocava, com os seus movimentos demoradíssimos, uma arrastada harmonia funerária.
Ao lado do órgão outros esqueletos dançavam estranhamente, requebrando-se por entre sombras e fantasmas vaporosos.
Sobre cochins de veludo negro, enfeitados de lágrimas de prata, damas e cavalheiros, que pareciam ter saído naquele instante das sepulturas, bebiam e conversavam meio abraçados, trocando sorrisos e beijos.