— Ó louco! Ó louco!
E, desde então, convenceu-se de que não era amado, nem respeitado, por uma parte da população de Monteli.
De outra vez, depois de ouvir aquelas mesmas palavras, recebeu nas costas uma pedrada.
Voltou-se, abaixou-se e apanhou a pedra.
A certa distancia havia um grupo de rapazes e raparigas, foi até lá e perguntou se era algum deles, que tinha arremessado a pedra.
Ninguém respondeu.
— Meus filhos, disse Ângelo então; aos loucos não devemos apedrejar, que são eles capazes de cair em raiva. Alguns tenho eu visto aí pela aldeia, a quem até dão pão e dão leite. . .
E passando a mão na cabeça de um dos pequenos, perguntou-lhe, sem cólera:
— Por que me atiraste tu a pedra?
— Era para aquele cachorro! . . . disse o rapazito, apontando um cão.
— Mentes, meu filho; mas ainda que dissesses a verdade, serias pecador, porque é pecado apedrejar aos cães. . . Perdôo-te por esta vez e aconselho-te a que não cometas igual delito.
Afastou-se, e quando tinha feito algum caminho, ouviu de novo atrás de si:
— Ó louco!
Talvez tenham razão!... disse Ele, consigo, sacudindo os ombros.
E, com efeito, para quem só julgasse pelas aparências,