para ele e disse-lhe, com os olhos meio fechados pela embriaguez:
— Tens o direito de estar aqui, não há dúvida alguma. . . mas o que não tens, desgraçado, é o direito de incomodar-nos. ..
— Desgraçados sois vós, míseros sensualistas! replicou Ângelo.
— Deixa-me! tornou o outro desdenhosamente. A tua moral enjoa-me! Se quiseres seguir o nosso exemplo, aí tens o teu copo, é beber até caíres ébrio nos braços da mulher que te ficar mais perto; qualquer destas. . . Não temos ciúmes!. . . E se isso não te convém, toma então de novo a tua gôndola e segue adiante, que trazes ao teu lado uma mulher formosa e não prometemos respeitá-la mais que às outras.
— Ai daquele que lhe tocar com um dedo! exclamou Ângelo no auge de cólera.
Alzira interveio.
— Acalma-te disse ela, dando-lhe um beijo. A noite é curta, meu amor; não vale a pena perdê-la com outra cousa que não seja o prazer!
E, voltando-se para os que estavam à ceia:
— Encham-me a taça, amigos, que a noite ainda é melhor assim regada com o capitoso e dourado moscato italiano!
— Tens muito mais espírito que o teu sentimental amante!... observou rindo um dos convivas. E és formosa demais para pertencer a um só homem!