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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/291

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de frei Ozéas. . . a criança encontrada à porta do convento de São Francisco de Paulo... aquele. amor, toda aquela felicidade, eram sonho, eram loucura! . . .

E apontando para dentro da sepultura:

— Isto aqui... é a realidade... isto aqui é a verdadeira vida!. . .

— Sim! confirmou o frade.

Ângelo tomou-lhe as mãos, perguntando-lhe ansiosamente:

— Então, nunca mais a verei?.. . nunca mais a estreitarei nos meus braços, peito a peito, lábio a lábio?

— Não!

— Então, nesta vida real, nunca mais terei um raio de amor, que aqueça minha alma?. . .

— Tens o amor de Deus!

— Deus?... E onde está ele, que nunca o vi, apesar de lhe ter dedicado a vida inteira?. . .

Ozéas ergueu o braço, apontando para o céu.

— Lá? perguntou Ângelo, como uma criança, apontando também. Mas lá é tão longe, tão longe. . . que minha voz, nem o meu entendimento alcançam!

— Mas alcança tua alma!...

— Não! minha alma é irmã gêmea do meu corpo, e ambos são filhos da terra! Sou um homem!

Ozéas estremeceu ouvindo estas palavras, e bradou com energia: