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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/55

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Feia é verdade; magríssima, não há dúvida; sarapintado de marcas de bexiga, ninguém o nega; mas afinal é uma mulher! Comover, porém, o duque de Fronsac e o marquês de Sade até à lágrima. . . isso é que é verdadeiramente extraordinário!. . .

— Pois esses dois monstros choraram?... perguntou Gabriela, afetando grande surpresa. Oh! como hoje em dia a lágrima está ao alcance de todas as bolsas! . . .

— Pois choraram. . . insistiu Bouvier. Tanto que a propósito Sofia Arnoud disse que o jovem pregador, fazendo brotar água de tais rochedos, conseguira maior milagre do que o seu legendário colega Moisés.

— Ah! suspirou Margarida. Não há dúvida que o talento sabe fazer todos os milagres!. . .

O Dr. Cobalt, que a um canto da sala conversava com Alzira, mas aplicava meio ouvido à palestra dos outros, exclamou de lá:

— Não! não! perdão! não foi o talento que fez o milagre, minhas gentis amigas; não foi o talento, nem tampouco a ilustração teológico do jovem seminarista, o que tão profundamente impressionou Paris...

Estas palavras do médico abriram na sala um silêncio de surpresa e indignação.

— Como? Pois o Dr. Cobalt tinha a coragem de negar talento ao pregador de quinta-feira santa? . . . Oh!