não fosse, enfim, coitado! mais inocente e mais puro do que a menina mais inocente de Paris, juro-lhe que não conseguiria o triunfo que obteve. O choque foi grande, porque foi inesperado. Os parisienses morrem pelo imprevisto e pela novidade; e ninguém, hoje em dia, lhes poderia proporcionar melhor novidade, do que o singularíssimo caso de um rapaz de vinte anos perfeitamente imaculado e puro!
— Mas, doutor, ele será com efeito tão puro como se diz por aí?... perguntou Gabriela em ar de riso. Não creio!
— O que há de mais puro, confirmou o médico.
— Um homem virgem em pleno século dezoito! . . . Qual! disse Sofia Verrière, soltando uma risada. Também não acredito!
— Nem eu! reforçou Margarida, sem rir.
— O Dr. Cobalt exagera com certeza. . . observou Gabriela.
— Não exagero, tornou o materialista; e digo mais, que ele nenhum mérito revela com semelhante raridade, porque tal pureza não é obra sua, mas sim de frei Ozéas.
— Mas, afinal, perguntou Alzira, saindo da sua abstração e encaminhando-se para o doutor; afinal, qual dessas mil e uma lendas, que correm por aí a respeito de Ângelo, é a verdadeira?
— Quais sejam as mil e uma, não sei. . . disse o médico,