que eu admiro, que eu adoro. Não é, nem seus olhos brilhantes, nem seus lábios mimosos, nem seu talhe elegante, nem suas tranças tão opulentas; não é nada disto!
— O que é então?
— Para que dizê-lo? Para que revelar a minha paixão a quem dela escarnece? Se eu o confessasse, cessariam o suplício que tenho sofrido, as ânsias que estou curtindo? Não; haviam de aumentar se isso fosse possível. A senhora teria prazer em torturar-me ainda mais.
— Explique-se: confesso que não o entendo. Que suplício tem o senhor sofrido?
— A mulher é caprichosa, muitas vezes faz padecer aquele que a ama sinceramente, e só por espírito de contradição. Uma coisa inocente, um favor pequenino... permite aos estranhos e indiferentes, e entretanto recusa ao homem que morre de paixão por ela. Não é uma crueldade? A senhora pergunta, D. Amélia, que suplício tenho eu sofrido. Este, de ser consumido a fogo lento por um desejo, que um gesto seu podia tornar em gozo infinito!
A moça, com as faces incendidas em rubor, lutava