se logo para ti o tipo, o ideal da beleza material, que te habituaste a adorar.
Horácio soltou uma risada:
— Olha, Leopoldo, cá para mim o platonismo em amor seria um absurdo incompreensível se não fosse uma refinada hipocrisia. Esses mesmos que adoram a mulher como um anjo, de que se nutrem senão da contemplação de beleza material que tratas com tamanho desprezo? É possível que uma mulher feia seja amada por aberração do gosto; mas fazer disso uma regra geral!...
— Ninguém pretende semelhante coisa. A beleza é um encanto, uma graça, um invólucro da mulher; mas não deve ser exclusivamente a mulher, como a pétala é a flor, e a centelha é a luz.
— Sofisma! Tira a beleza à mulher amada e verás o que fica; o mesmo que fica da flor que murcha e da chama que se apaga: pó ou cinza.
— Queres que te prove o contrário? Ouve a minha história.
— Ah! é verdade. A história de teu sorriso?
— Sim.