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Página:A pata da Gazela.djvu/184

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Um dos esboços estava ainda intato; no outro porém via-se já um florão de rosas bordadas a seda frouxa, e no centro a letra L, feita com torçal de ouro. Era naturalmente a inicial do nome, em cuja tenção a moça trabalhava.

Amélia estava nesse dia talvez menos formosa, porém em compensação mais sedutora. Certa expressão languida, ou de cansaço ou de melancolia, embotava a flor de sua habitual lindeza, desmaiando o matiz dos lábios e das faces, velando o brilho dos olhos pardos. Seu traje branco ainda mais ameigava a sua fisionomia.

Não há para arrebatar os sentidos como essa languidez da mulher amada. Parece que ela verga com a exuberância do amor, como a planta muito viçosa, quando concentra a seiva que não brota em flor. O homem querido se regozija, pensando que suas palavras e suas carícias podem, como os orvalhos celestes, reanimar e expandir o coração da mulher amada.

Talvez em Amélia não fosse esse desmaio senão o efeito da fadiga do baile, e das cismas da noite maldormida.

Enquanto bordava, o ouvido da moça atento esperava algum rumor que lhe anunciasse a