prima, a quem ela queria muito bem. Para mitigar essa dor profunda, Laura esqueceu a sua.
Desde então as duas amigas se consolavam mutuamente. Laura admirava o pezinho de Amélia; esta, ou sinceramente, ou para atenuar a mágoa da prima, chegava a invejar o seu infortúnio.
Aborrecida de não encontrar nas lojas calçado que lhe servisse, Amélia tinha descoberto por acaso o sapateiro da Rua Sete de Setembro. Conhecendo a habilidade do Matos, pensou que ele pudesse disfarçar o defeito da prima. Não se enganou; o artista realizara a obra-prima de paciência, que Leopoldo tivera ocasião de apreciar por um acaso.
Amélia fez a Laura o sacrifício de expor-se para não comprometer o segredo da amiga. O sapateiro não a conhecia, nunca a tinha visto, recebia as encomendas por intermédio de um criado que pagava à vista. Fácil foi portanto iludi-lo.
Na ocasião em que as duas primas esperavam de carro na Rua da Quitanda, o lacaio vinha da casa do sapateiro, o qual vexado com a pressa,