do querer. Sempre que o homem aplique a veemência e perseverante energia de sua alma a um fim, ele vencerá os obstáculos, e se não atingir o alvo, fará pelo menos coisas admiráveis. Mas para que o homem se entregue assim a uma idéia e se cative a um pensamento, é necessário ser atraído irresistivelmente, ser impelido pelo entusiasmo.
É o entusiasmo que faz o poeta e o artista, o sábio e o guerreiro; é o entusiasmo que faz o homem-idéia diferente do homem-máquina. A fábula de Prometeu' não exprime senão a alegoria desse fogo celeste d'alma, que anima as estátuas de Galatéia, embora depois dilacere o coração como a águia do rochedo. Uma faísca dessa eletricidade moral opera maravilhas iguais à centelha do raio. O que é o telégrafo a par com a eloqüência?
O Matos tinha o entusiasmo de sua arte; descobrira nela segredos e encantos desconhecidos aos mercenários. Para ele o calçado era uma escultura; copiava em seda e couro, assim como o cinzel copia em gesso e mármore. Os outros artistas da forma reproduzem todo o vulto humano ou pelo menos o busto; ele só tinha um assunto,