podia danar um cartório sempre conceituado entre os mais graves! Fazer de um papel forense uma borradela cheia. de poucas-vergonhas! Sem dúvida que era uma inconcebível enormidade, de memória de homem nunca vista.
Atarascado pela indignação, que o impava como a um velho odre, o tabelião bem quis pregar no atrevido a mais tremenda descalçadeira, que é possível imaginar; mas a raiva apertava-lhe o gasnete, e com violento esforço apenas esguichou uma palavra, que levou a rilhar entre os dentes, de tão cerrados que estavam os queixos.
— Birrrrr... bante!...
Essa cascata de erres despenhou-se como um cesto de cacaréus por escada abaixo, e estrondou na sílaba final.
Não teve o Ivo tempo de voltar a si do susto, pois travando-o pela gola do gibão, o Freire levou-o de arrastão até a porta da entrada, e empurrou-o na rua. Depois do que pela janela varejou o chapéu, o tinteiro de chifre, e tudo o mais quanto pertencia ao perverso rapaz.
Restava a folha de papel onde se estavam desvergonhadamente derrengando os horríveis penejados. Mas o Freire não se animou a tocar nessa obscenidade: