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Vieram os tais moços, como os chamava o prelado. Eram um moleque e um caboclo, ambos cativos, os dois coitados, que iam servir de vitimas expiatórias das estrepolias dos minorenses. Vendo-os, quiseram recuar os camaristas; mas o povo fora rugia de cólera, e começava a assaltar as janelas com pedras e calhaus.

— Ao menos, observou o Chaves, que era gracioso, arranjemos-lhes uma tonsura, ou coisa que se pareça. Venha lá uma tesoura.

Enquanto se metiam o moleque e o caboclo em hábito e tonsura, saiu o juiz à porta:

— Moradores de São Sebastião, e povos da cidade! Por bem da paz e sossego de todos pensamos em conferenciar com o reverendíssimo prelado sobre a entrega dos réus; e mostrando a plena justiça da vossa reclamação, o reduzimos a restituir desde já à prisão dois dos culpados, fazendo o mesmo aos outros logo que os tenha à mão.

— Todos, queremos, todos e já!

— Mas como? gritou o Chaves. Se amolaram as palanganas, e lá se vão zunindo!

— Aonde?

— Para o mosteiro em busca de asilo. Agora é assobiar-lhes às botas, ou aos calcanhares.