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— Uma escuna!... Bravo, homem! E dize-me cá, são flamengos ou ingleses?

— Pelo jeito, tenho que são os malditos franceses.

— Melhor; os franceses passam por bravos, entre os mais, e cavalheiros! A termos de acabar, mais vale que seja a mãos honradas, meu velho.

A esse tempo já a maruja toda a postos esperava as ordens do capitão para manobrar.

Aires voltou-se para a rapariga:

— Adeus, amor; talvez nunca mais nos avistemos neste mundo. Fica certa porém que levo comigo duas horas de felicidade bebidas em teus olhos.

Cingindo o talhe da rapariga debulhada em lágrimas, deu-lhe um beijo, e despediu-a atando-lhe ao braço uma fina cadeia de ouro, sua derradeira joia.

Instantes depois, uma canoinha de pescador afastava-se rapidamente em demanda da terra, impelida a remo pela rapariga.

De pé, no portaló, Aires de Lucena, fazendo à maruja um gesto imperioso, comandou a manobra.

Repetidas as vozes do comando pelo velho Bruno, colocado no castelo de proa, e executada