de novo o espírito naquele enlevo, em que o tivera preso.
Depois da doença da menina dissipara-se o enleio que ela sentia na presença de Aires de Lucena. Agora com a chegada do corsário, em vez de acanhar-se, ao contrário expandia-se a flor de sua graça, e desabrochava em risos, embora roseados pelo pudor.
Uma tarde que passeavam os dous pela ribeira, em companhia de Duarte de Morais e Úrsula, Maria da Glória, vendo embalar-se airosamente sobre as ondas a escuna, soltou um suspiro e voltando-se para Lucena, disse-lhe:
— Agora tão cedo não vai ao mar!
— Por quê?
— Deve descansar.
— Somente por isso? perguntou Aires desconsolado.
— E também pelas saudades que deixa aos que lhe querem, e pelos cuidados que nos leva. O pai que diz? Não é assim?
— Certo, filha, que o nosso Aires de Lucena já tem feito muito pela pátria e pela religião, para dar-nos também aos amigos alguma parte da sua existência.
— Toda vo-la darei doravante; ainda que