O Sebastião Ferreira Freire tinha por timbre fazer o sinal de olhos fechados, para mostrar quanto estava dele senhor, a ponto que mesmo dormindo, se lhe encaixassem a pena nos dedos, seria capaz de traçá-lo de um jacto.
Em chegando a ocasião, aprumava-se o nosso homem sobre o tamborete, esticava o pescoço para trás, e segurando a pena a meio, verticalmente fincava o bico no alto da página final. Nesse momento fechava os olhos, e começava a barafunda com a rapidez da aranha a urdir o fio da sua trama.
Depois de certo tempo, porém, uma novidade se introduzira nos hábitos regrados do tabelião, o que em homem tão pautado e sisudo era para admirar-se. Em vez de fechar de todo os olhos para fazer a cetraria, apenas fingia, e pelos cantos esguichava um olhar de punção para um ângulo do cartório, alvo de sua atenção suspicaz.
Na betesga ou escaninho que formavam ali dois panos de prateleiras, havia uma banca estreita, a única desafroatada das tulhas de autos e bacamartes, e sobre a qual escrevia um rapaz de vinte anos.
Pelos modos conhecia-se que era aprendiz do ofício e tratava de ajeitar-se para tornar-se algum