Tinha naquele tempo a capital um pintor de casas, que se não era o único, passava pelo melhor. A ele, ao Sr. Belmiro Crespo, cabe a honra dos boscagem e frescos que talvez ainda se encontram por aí nalgum teto de sobrado ou retábulo de igreja.
Era artífice de consciência; moía as suas tintas como não faria um moleiro ao trigo; concertava-as na palheta com o brio de uma doceira a anaçar gemas de ovos; e de tento na mão, traçava na madeira, na cal ou no pano, as suas figuras, com escrúpulo de copista e paciência de chim.
O Sr. Belmiro Crespo pintava por molde; e nesse gênero era insigne. Mas fora daí, não havia meio de tirar dele, nem sequer uma casa, o abecê da paisagem. Era incapaz de copiar da natureza, ainda com o auxílio do espelho.
O nosso Ivo sentia desde muito uma atração bem natural para a tenda do pintor, e furtava horas ao recreio para as gastar ali, de pé na porta, a ver as grinaldas e passarinhos que o Belmiro transportava dos recortes de papelão para os seus painéis de lona.
Agora, livre do pátio, podia fazer sua assistência na tenda do oficial, e ali com efeito passava