Pois bem; esse agudo prazer da intelligencia, completamente, absolutamente satisfeita no goso d'uma determinada obra d'arte, sinto-o eu hoje como no primeiro dia, ao ler as Miniaturas.
O talento de Gonçalves Crespo soffreu com a idade, com as mudanças que se deram no seu destino, com a acção tão complexa e tão profunda que a Vida exerce em todos nós, transformações importantes e progressivas; no emtanto para mim, e para muitos dos amigos dilectos do poeta, a mais encantadora, a mais perfumada efflorescencia do seu espirito raro, será sempre aquelle livro juvenil.
Muito mais pessoal que os Nocturnos, o volume das Miniaturas lança uma luz mysteriosa e dulcissima sobre a figura singular, um pouco extranha, que foi Gonçalves Crespo.
Muito ao contrario do que geralmente succede, este artista, tão nervoso e vibratil, teve a primavera da vida nublada por todas [8]