Quando alta noite me reclino e deito
Melancolico triste e fatigado,
Esse alguem abre as azas no meu leito,
E o meu somno deslisa perfumado.
Chovam bençãos de Deus, sobre a que chora
Por mim, além dos mares! Esse alguem
É de meus dias a esplendente aurora,
És tu, dôce velhinha, ó minha mãe!...
N'estas quatro estrophes está retratada uma alma, estão contadas as tristezas d'um destino, que mercê de Deus se desannuviou mais tarde, mas no qual então se condensavam todas as melancolias intimas, todas as duvidas sombrias, todas as amargas e silenciosas agonias da isolação.
Nem a mulher que elle ama, nos passageiros caprichos da mocidade, nem os amigos que o cercam, lhe matam a sêde de afféctos que o devora e tortura; a mãe, a dôce velhinha, essa está longe, essa chora além dos mares, essa nem o vê, nem o acaricia, nem dissolve ao fogo dos seus beijos os gêlos da duvida, que tão cêdo crestaram