Que culpa teem as pobres creaturas, educadas agora, das ideas que pairam sobre todos nós, que nos penetram insensivelmente, que nos roubam ao influxo mystico do catholicismo, que, mau grado nosso, substituem pela duvida dolorosa, pela curiosidade analytica, pela ancia penetrante de saber, os enthusiasmos fervidos, as crenças pueris e simples da nossa mocidade.
Não são os homens que nos teem ensinado a duvidar do que elles duvidam? não são elles que nos teem perturbado, agitado, com a sua duvida e incerteza? e sobretudo desnorteado com a leviandade cynica da sua negação? E terão elles tambem culpa por ventura de que os descobrimentos extraordinarios e imprevistos da sciencia, de que o alargamento continuo e progressivo do pensamento, de que as lições irresistivelmente verdadeiras da natureza, desvendada emfim, depois de tantos seculos de mysterio, lançassem por terra, de envolta com a tradição desmentida, tantos dos alicerces em que