«A meu vêr, elle morreu do trabalho, morreu sobretudo da elaboração da fórma, da cinzeladura da phrase, do lavôr do estylo.
«Estou-o vendo ainda, pegar dos trechos que tinhamos escripto em commum, e que, ao principio, nos tinham satisfeito, e trabalhar n'elles horas e horas, tardes inteiras, com uma obstinação quasi colerica, mudando aqui um epitheto, pondo n'uma phrase o rythmo que lhe faltava, emendando uma expressão, fatigando, gastando o cerebro á procura d'essa perfeição tão difficil, ás vezes impossivel, á lingua franceza, na traducção das coisas e dos sentimentos modernos. Depois d'essa tarefa enorme, cahia para cima d'um sophá, moido pelo cançasso, e alli ficava um longo espaço de tempo, silencioso, a fumar.»
Balzac, que teve como nenhum dos discipulos que vieram depois d'elle, a larga, a profunda, a milagrosa intuição dos sentimentos que agitaram, moveram, convulsionaram,