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— Estão a escrever os seus próprios nomes, de mêdo de os esquecerem antes de finda a sessão, respondeu o Grifo.

— Que bobagem! exclamou Alice em voz alta sem querer. Mas calou-se, porque o Coelho Branco fêz cara feia e gritou de longe:

— Silêncio! Ninguém pode falar!

O Rei pôs os óculos e correu os olhos pela assistência para descobrir quem havia falado em voz alta. Então pôde Alice verificar, espiando por cima dos ombros dos jurados, que todos se haviam pôsto a escrever nas pedras “Que bobagem!” Os que não sabiam escrever direito essa palavra, perguntavam ao vizinho. Outros colavam.

O lápis de um dêles não era lápis e sim prego, de modo que arranhava a lousa produzindo guinchos agudos que irritavam os nervos da menina. Isso a fêz deixar a sala e ir dar uma volta pelo pátio. Quando acalmou os nervos e voltou, achegou-se do jurado que escrevia com prego (era o Periquito, o tal lagarto que os leitores já conhecem) e deu-lhe um tapa na mão, fazendo o prego voar longe.

Periquito não percebeu de que modo ficara sem lápis e estêve uns instantes a procurá-lo de todos os lados. Por fim resignou-se a escrever com o dedo, embora seu dedo não conseguisse riscar nem uma só letra na lousa.

— Promotor, leia a acusação! ordenou o Juiz.

O Coelho Branco tocou três vêzes o clarim, para chamar a atenção dos presentes, e desenrolou o pergaminho. “O fato criminoso é êste”, disse êle. “Sua Majestade a Rainha de Copas fêz uma fornada de lindos