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LEWIS CARROLL

Nesse instante um porquinho da Índia aplaudiu o Rei com palmas e bravos, sendo interrompido por um dos oficiais de justiça, que o tomou pelas orelhas e o meteu num saco, sentando-se em cima.

— Estou satisfeita de ver como é que se faz no júri, pensou Alice consigo. Nos jornais muitas vezes li nas notícias dos julgamentos: “Houve por parte da assistência uma tentativa de aplauso, que foi abafada pelos oficiais de justiça. Mas só agora aprendi como é que os oficiais de justiça abafam os aplausos dos jurados.”

— Se é isso tudo quanto tem a dizer, continuou o Rei, então sente-se.

— Não posso sentar-me, respondeu a testemunha, porque já estou sentada.

— Então deite-se! berrou o Rei.

Outro porquinho, que achou graça na resposta e aplaudiu, foi metido no saco, e o oficial sentou-se em cima, como o primeiro.

— Acabaram-se os porquinhos da Índia, pensou Alice. Com certeza agora ninguém mais aplaude.

— Eu preferia que Vossa Majestade me desse ordem para acabar de tomar o meu chá, pediu humildemente o Chapeleiro, olhando para a Rainha que nesse momento lia a lista dos cantores do último concêrto.

— Ponha-se daqui para fora! berrou o Rei, erguendo-se do trono com os olhos chispantes.

O Chapeleiro não esperou segunda ordem. Saiu no galope, esquecido até de apanhar os sapatos que lhe haviam escapado dos pés com o tremor.

— E cortem-lhe a cabeça no pátio! ordenou a Rainha, mas já sem tempo, porque o Chapeleiro ia a um