— Pois muito bem! declarou Alice com energia. De qualquer forma não sairei daqui, porque êsse artigo não é legal. Foi você quem o inventou agorinha mesmo!
— É o artigo mais velho da constituição dos tribunais, declarou o Rei.
— Se é o mais velho, devia ser o artigo número um e não o número quarenta e dois.
O rei empalideceu e apressou-se em guardar o livro de notas. Estava evidentemente todo errado.
— Vejamos a sentença, disse êle voltando-se para os jurados.
— Há mais provas a examinar, interveio o Coelho Branco. Este papel ainda não foi lido ao tribunal.
— Que é que está escrito nêle? inquiriu a Rainha.
— Não sei. Ainda não o abri, disse o Coelho BranCo. Mas parece-me carta do acusado escrita para alguém.
— Qual o nome do destinatário? perguntou um jurado.
— Não tem enderêço nenhum, disse o Coelho. Nada há escrito do lado de fora — e, enquanto ia falando, desdobrava no ar o tal papel.
— Não é carta, declarou por fim. É uma poesia!
— Escrita pelo próprio punho do Valete de Copas? inquiriu um jurado.
— Não! respondeu o Coelho. A letra não é dêle. Deve ter imitado a caligrafia de alguém.
O tribunal estava boquiaberto de curiosidade.
— Perdão, Majestade! disse o Valete de Copas. Eu não posso ser acusado de ter escrito o que não assinei e o que não representa minha letra.