Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/14

Wikisource, a biblioteca livre
VIAGEM À TOCA DOS COELHOS
13

corregou e caiu no buraco. Caiu, e foi caindo e não acabava mais de cair. Ou então foi caindo tão devagar que o buraco parecia mais fundo do que realmente era. Alice nunca pôde esclarecer êste ponto.

Enquanto ia caindo, ia olhando para baixo, a ver se enxergava alguma coisa. Nada enxergou; o fundo era escuro como a noite. Olhou então para os lados e viu muitos armários e estantes de livros, e também mapas pendurados. Num dêsses armários havia um pote com letreiro. Alice leu: “Laranjada”. Destampou o pote, já lambendo os lábios é com água na bôca. Vazio! De raiva, ia jogá-lo no fundo do buraco; mas lembrou-se que poderia cair na cabeça de alguém e botou-o de novo no lugar. E continuou a cair.

Sim, senhor! “pensou com o seus botões. “Depois duma queda destas fico mestra em tombos. Poderei cair da escada lá em casa sem susto nenhum. E até do telhado! E todos vão arregalar os olhos, espantados da minha valentia.”