meus amigos sabem, a coisa mais árida e sêca que há no mundo é o comêço da história da Inglaterra. É um poderoso secante. Vou recitar êsse comêço e garanto que a seca fará que todos sequem. Silêncio! Vou começar.
Todos ficaram imóveis e o sabido Rato principiou: “Guilherme I, o Conquistador, cuja causa era favorecida pelo Papa, foi logo aceito pelos inglêses os quais careciam de chefes e estavam acostumados a usurpações e conquistas. Edwin e Morcar, condes de Mercia e da Nortúmbria...
— Chi! murmurou o Papagaio com um arrepio.
— Que é que o senhor disse? observou o Rato, carrancudo mas com delicadeza.
— Nada, respondeu o Papagaio. Eu chiei apenas.
— Pensei que tinha feito alguma objeção, tornou o Rato desfazendo a carranquinha. E continuou a seca: — Como ia dizendo, os Condes de Mercia e da Nortúmbria se declararam por êle; e o próprio Stigand, o patriótico arcebispo de Cantuária, acompanhou-os nisso.
— Acompanhou-os, quem? interrompeu o Pato, que era muito curto de inteligência.
— Acompanhou-os. Não sabe o que os significa nesta frase? Os é um pronome que corresponde a êles. Acompanhou êles, respondeu o Rato já meio zangado.
— Sei que os significa êles, retrucou o Pato. Mas quem são êles? Para mim êles significa sempre uma rã ou um bom verme, minhoca ou bicho-de-pau podre. Quem foi que o arcebispo acompanhou— alguma minhoca ou alguma rã?