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Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/78

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UM CHÁ DE DOIDOS VARRIDOS
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— Em que é que corvo se parece com uma mesa de escrever?

“Ora graças que mudou de assunto!” pensou Alice. Gosto de decifrar enigmas e adivinhações. E disse em voz alta: — Creio que adivinho.

— Quer dizer que é capaz de responder à questão direitinho? perguntou a estúpida Lebre.

— Está claro.

— Então diga o que quer dizer.

— Eu quero dizer o que penso, o que dá na mesma.

— Não, senhora! contestou o Chapeleiro. Se assim fôsse, “vejo o que como” seria o mesmo que “como o que vejo.”

— Está claro, emendou a Lebre. Se assim fôsse, você poderia dizer que “quero o que tenho” era o mesmo que “tenho o que quero.”

— Claríssimo! ajuntou o Rato do Campo, que parecia falar dormindo. Se assim fôsse, você poderia dizer que “respiro quando durmo” era o mesmo que “durmo quando respiro.”

— Isso aliás é verdade com você, disse o Chapeleiro dirigindo-se ao Rato. Você vive a dormir, e portanto respira quando dorme e dorme quando respira.

Houve uma pausa. Todos pararam de falar e Alice aproveitou o silêncio para refletir na diferença entre um corvo e a escrivaninha. O primeiro a falar foi o Chapeleiro.

— Em que dia do mês estamos? perguntou, tirando o relógio do bolso e olhando as horas atentamente, depois dumas sacudidelas.

Alice fêz a conta e disse que estavam a quatro.