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O CAMPO DE CROQUET DA RAINHA
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— Decapitado, por que? indagou o que havia falado primeiro.

— Não é da sua conta, Dois. Cuide do seu serviço, respondeu o Sete. — É, sim, da conta dêle! disse o Cinco. E vou contar porque foi. Foi porque levou para a cozinheira batatas de dália como se fossem batatas doces.

O Sete ia largando o pincel para responder, quando deu com a menina desconhecida. Ficou atrapalhado e por fim cumprimentou-a. Os outros também largaram do serviço e fizeram o mesmo. — Poderão os senhores explicar-me por que motivo estão pintando essas rosas? perguntou a menina.

Cinco e Sete nada responderam, limitando-se a olhar para Dois, que disse em voz baixa: — Por uma razão muito simples. Esta roseira devia ser de rosas vermelhas, mas nós, por engano, plantamos uma roseira de rosas brancas. Se a rainha souber, manda-nos cortar a cabeça. Por isso estamos a corrigir o nosso êrro antes que ela chegue.

Nisso o Cinco, que estivera de olhos postos numa certa direção, gritou muito aflito: — A Rainha vem vindo! Os três lançaram-se por terra, com as caras ocultas