Página:Alice no País do Espelho (Trad. Lobato, 2ª edição).pdf/101

Wikisource, a biblioteca livre

CAPÍTULO VIII

“É INVENÇÃO MINHA”


AQUÊLE HORRÍVEL barulho não durou muito tempo. Foi passando e passou de todo. Tudo caiu em profundo silêncio. Alice olhou em redor: nada viu. Não havia mais ninguém por ali. Seria sonho? Nem Leão, nem Unicórnio, nem Mensageiros... Mas o prato estava aos seus pés, o prato do pudim. Vendo-o, Alice refletiu que não podia ter sido sonho. E se tivesse sido um sonho do Rei Branco e não dela? Desconfiada disso, Alice resolveu acordá-lo para ver o que acontecia.

Nesse momento foi interrompida por gritos e “Ahói! Ahói! Xeque!” ao mesmo tempo em que um Cavaleiro[1] vestido de armadura preta galopava em sua direção, brandindo a espada. Ao chegar, deteve o cavalo de brusco e gritou: “Está prisioneira!” e caiu no chão.

Apesar de assustada, Alice tremeu mais pelo Cavaleiro do que por si própria, e ficou a olhá-lo, ansiosa, até que êle montasse outra vez. Logo que o Cavaleiro

  1. No Jôgo do Xadrez, que usamos no Brasil, a peça que tem cabeça de cavalo se chama apenas Cavalo. Entre os inglêses essa peça se chama Knight, o Cavaleiro.