110
ALICE NO PAÍS DO ESPELHO
— Comprida, sim, mas lindíssima. Quem a ouve não deixa de chorar ou de rir, à vontade.
Assim dizendo deteve o cavalo e largou as rédeas. Depois, marcando o compasso com uma das mãos e sor-
rindo como se estivesse antegozando a sua própria música, deu comêço à cantoria.
De tôdas as estranhas coisas que Alice viu naquele dia, através do Espelho, foi essa cena a que melhor se gravou em sua memória. Anos mais tarde ainda se recordava de tudo perfeitamente: dos bondosos olhos azuis do Cavaleiro, do sol no poente a iluminar o seu cabelo e a brilhar em sua armadura, do cavalo pastando em sossêgo com as rédeas pendentes do pescoço. Ao longe, as sombras da floresta espêssa. Tudo isto ficou como