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CAPÍTULO XII

SONHO?



— VOSSA MAJESTADE não deve rosnar tão alto, disse Alice esfregando os olhos sonolentos e dirigindo-se respeitosamente ao gatinho. Você despertou-me dum lindo sonho, ao qual estêve presente, olhando-me o tempo todo. Foi uma viagem extraordinária pelo País do Espelho, sabe?

É hábito de os gatinhos (havia Alice observado tempos antes) responder com rosnidos a tudo quanto a gente lhes diz. “Se os gatos rosnassem para dizer Sim e miassem para dizer Não, seria possível sustentar com êles uma conversação. Mas como conversar com quem rosna o tempo todo, e portanto respondeu só dum jeito.”

O gatinho havia rosnado em resposta à sua pergunta. Como saber se havia respondido sim ou não?

Em vista disso a menina desistiu da conversa e olhou para o tabuleiro de xadrez, que estava sôbre a mesa. Depois tomou dêle a Rainha Negra e a pôs no tapête, bem defronte ao gatinho.

— Vamos, Kitty, disse ela. Confesse que você se transformou nessa Rainha durante todo o meu sonho.

Mais tarde Alice explicou à sua irmã que ao fazer isso o gatinho virara o rosto, como pretendendo não ser verdade que se houvesse transformado em alguma