Página:Alice no País do Espelho (Trad. Lobato, 2ª edição).pdf/26

Wikisource, a biblioteca livre

CAPÍTULO II

O JARDIM VIVO



NO ALTO daquele morro eu poderia ver o jardim muito melhor, pensou Alice. Vou tomar por êste caminho. Espere! interrompeu-se, depois de haver dado uns passos. Este caminho em ziguezague é um perfeito saca-rôlhas, de tanto que torce dum lado e doutro. Sim, torce, mas sempre subindo em direção do morro. Não! Não sobe, não! Ora sobe, ora desce rumo à casa. Creio que errei e que tenho de tomar outra estrada.

Alice continuou a caminhar para o morro, mas ia sempre descendo e subindo, ora para a direita, ora para a esquerda. Errava sempre. Parecia que alguma coisa a puxava para o lado da casa. Em certo momento, ao fazer uma curva, deu com o nariz na parede.

— Arre! Que tanta insistência, casa! Não quero voltar ainda, estou de viagem para o morro. Se entro, adeus minhas aventuras!

Dizendo isto Alice deu as costas à casa, com a idéia de seguir em linha reta até alcançar o morro. — Creio que acertei agora, murmurou. — É só seguir firme em linha reta. Mas nem bem havia pensado isto e já o caminho deu um tranco violento, que a fêz ir parar de novo na porta da casa.