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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

vernanta vai chamá-la para a lição e diz: — Venha cá, dona... e não pronuncia o seu nome porque você não tem nome. E ela então tem que ir-se embora porque não tem nenhum nome para chamar à lição.

— Oh, isso é impossível! Se a minha governanta não tivesse nome com que chamar-me, diria simplesmente: — Venha dar sua lição, Miss! Chamar-me-ia Miss, como o fazem as criadas.

— Bem, disse o Pernilongo. Mas se ela diz Miss e mais nada, você não estará na obrigação de comparecer às lições, porque Miss é qualquer menina, não uma certa menina. Oh, quanto eu desejaria que isso acontecesse!...

— Por quê? Que tem você com isso?

Em vez de responder, o Pernilongo suspirou profundamente, com duas lágrimas a lhe rolarem dos olhos. Condoída da sua tristeza, a menina disse: — Já que lhe causam tanta aflição fatos como êsse, por que motivo inventa tais hipóteses?

A resposta foi outro suspiro ainda mais suspirado. Tão suspirado que o inseto se dissolveu nêle. Evaporou-se num suspiro, o coitadinho! Alice, por muito que firmasse os olhos, nada mais viu no galhinho onde o inseto estivera. Estava acabada a prosa e como ventasse forte Alice deu uma carreira para não resfriar-se.

Logo depois se viu num campo aberto, que tinha ao lado uma floresta muito mais escura do que a primeira. Alice teve mêdo de penetrar nela. Por fim resolveu-se, porque se voltasse para trás não poderia alcançar a Oitava Casa.