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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— E eu, até o que fica longe! acrescentou Dum.

Alice riu-se: — Vocês vão mas é desancar as pobres árvores! disse ela.

Dum olhou em tôrno com ar satisfeito: — Não creio que fique uma só árvore de pé depois do nosso combate! roncou êle.

— E tudo por causa dum trapo de bandeira! murmurou Alice, ainda com esperança de que os heróis se envergonhassem de brigar por tão pouco.

— Trapo nada! berrou Dee. Era uma bandeira novinha em fôlha, como já disse. Do contrário, não me importaria.

— Se aparecesse agora um corvo... pensou Alice.

— Só existe uma espada, você sabe, disse Dum a Dee. Bata-se com o guarda-chuva, que também tem ponta. E comecemos já, antes que escureça mais.

De fato, começava a escurecer, e tão depressa que Alice teve mêdo. Erguendo os olhos para o céu murmurou: — Que nuvem negra vejo lá!... E como se aproxima depressa! Parece até que tem asas...”

— É um corvo! berrou Dum com pavor na voz — e sem perda de tempo pôs-se ao fresco seguido de Dee...

Alice correu a esconder-se dentro da floresta sob uma grande árvore: — Aqui êle não me pega! É corvo grande demais para que possa meter-se por entre os galhos das árvores. Mas que bom se não batesse as asas com tanta força! Parece um furacão...

E depois, já esquecida do corvo, exclamou batendo palmas, ao ver qualquer coisa que flutuava no ar: — Um xale! Um xale que vem voando!... De quem será?