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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

— Quer dizer então que o dedo de Vossa Majestade está melhor? perguntou Alice transpondo também o riacho.

— Oh, muito melhor! exclamou a Rainha num grito agudo. Muito melhor! Me-lhor! Me-e-e-lhor! Mé-é-é… e a palavra se reduziu a um balido de ovelha, tão perfeito que Alice se assustou. Mais ainda vendo que a grande dama se havia envolvido tôda em lã de carneiro. Alice esfregou os olhos. Olhou de novo. Estava numa loja, defronte a um balcão. Do outro lado do balcão via a lojista, que era uma ovelha de óculos na cabeça, a fazer crochê. De vez em quando a ovelha erguia a cabeça e punha os olhos nela.

— Que deseja comprar, menina? perguntou numa dessas vêzes.

— Não sei ainda, respondeu Alice amàvelmente. Quero primeiro ver o que a senhora tem nesta loja.

— Pode olhar quanto queira, para a frente, para a esquerda e para a direita. Só não poderá ver o que está para trás, porque você não tem olhos na nuca.

A loja parecia cheia de coisas esquisitas, mas cada vez que a menina firmava os olhos numa prateleira essa prateleira ficava completamente vazia, indo as coisas que ali se acumulavam reunir-se noutro ponto.

— As coisas não param no lugar! exclamou Alice depois de passados uns minutos na tentativa de fixar os olhos numa coisa que lhe pareceu uma boneca e que se mudava sempre para cima do ponto para onde ela olhava. — Está-me provocando, êsse objeto, declarou