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XVII


Quando os viscondes, com João e Bella, entraram na sua frisa no D. Amelia, a sala tinha o aspecto buliçoso e alegre das grandes noites de enchente. Já no vestibulo os homens quasi se esmurravam, apesar de apparencias de cortezia, junto do cubiculo do bengaleiro que não tinha mãos a medir para guardar abafos e bengalas.

Alguns, mais impacientes, não duvidavam empurrar as senhoras que aguardavam os maridos para entrar na sala, com o desplante que geralmente usam os homens quando o egoismo os mostra tal qual os tem feito seculos de supremacia social e que torna identicos em todas as classes os processos que usam para se desembaraçarem de importunos.

Toda essa multidão, partindo do vestibulo, se escoava pelas portas e corredores, apressando-se a occupar o seu logar antecipadamente obtido e acariciado como sonho que a fortuna realisára. O pittoresco e o brilho d’esses espectaculos, muito caros e de pouco interesse para o vulgo, accentuavam-se nas poucas noites em que a Duse se apresentava