CANTIGA DO ROSTO BRANCO (*)[1]
Rico era o rosto branco; armas trazia,
E o licor que devora e as finas telas;
Na gentil Tibehyma os olhos pousa,
E amou a flor das bellas.
«Quero-te!» disse á cortezã da aldeã;
«Quando, juncto de ti, teus olhos miro,
A vista se me turva, as fôrças perco,
E quasi, e quasi expiro.»
(*) Veja nota no fim.
- ↑ Não é original ésta composição; o original é propriamente
indigena. Pertence á tribu dos Mulcogulges, e foi traduzida da
lingua delles por Chateaubriand (Voy. dans l′Amer.). Tinham
aquelles selvagens fama de poetas e músicos, como os nossos Tamoyos.
«Na terceira noite da festa do milho, lê-se no livro
de Chateaubriaud, reunem-se no logar do conselho; e disputam
o premio do canto. O premio é conferido pelo chefe e por
maioria de votos: ó um ramo de carvalho verde. Concorrem
as mulheres tambem, e algumas têem sahido vencedoras;
uma de suas odes ficou celebre.»
A ode celebre é a composição que trasladei, para a nossa língua. O titulo na traducção em prosa de Chateaubriand é — Chanson de la chair blanche.
Sôbre o talento das mulheres para a poesia, tambem o tivemos em tribus nossas. Veja Fernão Cardim, Narrativa de uma viagem e missão.