Página:Amor de Perdição (1862).pdf/117

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— Não sabe!? — exclamou ella com semblante entre alegre e assustado, perfeitamente contrafeito.

— Que é, Marianna?

— Sua mãesinha sabe que v. s.^a aqui está.

— Sabe?! isso é impossivel! quem lh’o disse?

— Não sei; o que sei é que ella mandou chamar meu pae.

— Isso espanta-me!... E não me escreveu?

— Não, senhor!... Agora me lembro que talvez ella soubesse que o senhor aqui esteve, e cuide que já não está, e por isso lhe não escreveu... Poderá ser?

— Poderá; mas quem lh’o diria!? Se isto se sabe, então podem suspeitar da morte dos homens.

— Póde ser que não; e ainda que desconfiem, não ha testemunhas. O pae disse que não tinha mêdo nenhum. O que fôr, soará. Não esteja agora a scismar n’isso... Vou-lhe buscar o caldinho, sim?

— Vá, se quer, Marianna. O ceu deparou-me em si a amizade de uma irmã.

Não achou a moça na sua alegre alma palavras em resposta á doçura que o rosto do mancebo exprimira.

Veio com o «caldinho» diminuitivo que a rhetorica d’uma linguagem meiga approva; mas contra o qual protestava a larga e funda malga branca, a par da travessa com meia gallinha loira de gorda.

— Tanta coisa! — exclamou, sorrindo, Simão.

— Coma o que podér — disse ella córando. — Eu