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a côr sadia, que alegrava as senhoras religiosas, se demudou na lividez costumada. Quiz a tia, vendo-a assim, que ella não sahisse do seu quarto, e encarregava-se de espaçar a visita do pae.

— Tem de ser — disse Thereza — Eu vou, minha tia.

O pae, ao vêl-a, estremeceu e enfiou. Esperava mudança, mas não tamanha. Pensou que a não conheceria, sem o prevenirem de que ia vêr sua filha.

— Como eu te encontro, Thereza! — exclamou elle commovido — Por que me não disseste ha mais tempo o teu estado?

Thereza sorriu-se, e disse:

— Eu não estou tão mal como as minhas amigas imaginam.

— Terás tu forças para ir comigo para Vizeu?

— Não, meu pae; não tenho mesmo forças para lhe dizer em poucas palavras que não torno a Vizeu.

— Porque não?! Se a tua saude depender d’isso!...

— A minha saude depende do contrario. Aqui viverei ou morrerei.

— Não é tanto assim, Thereza — replicou Thadeu com simulada brandura — Se eu entender que estes ares são nocivos á tua saude, has de ir, porque é obrigação minha conduzir e corrigir a tua má sina.

— Está corrigida, meu pae. A morte emenda todos os erros da vida.

— Bem sei: mas eu quero-te viva, e portanto recobra